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terça-feira, 12 de junho de 2018



QUIMBANDA: EXU.

Quimbanda, é apenas uma ramificação da Umbanda. Podemos dizer que é um braço esquerdo pertencente a um mesmo corpo. Salvo outras interpretações, quimbanda é a linha que trabalha com os guardiões, guardiões estes, considerados "Agente Mágico Do Universo", Se exu africano, o ORIXÁ BARÁ, está ligado como mensageiro dos demais Orixás, O EXU DE QUIMBANDA  está ligado a correspondência de nossos guias, caboclos e preto velhos. Destarte, necessário se faz, aclararmos que os exu de quimbanda, nada tem a ver com o Orixá Bará (exu africano).

Exu,que aqui estou me referindo é um espirito em evolução e a maioria destes espíritos, salvo raríssimas exceções, já passaram por nosso plano terrestre ou seja, já viveram aqui na terra e hoje são representante de toda a sorte de pessoas que como nós viveram e tiveram uma vida cheia de erros e acertos, onde hoje no plano espiritual buscam evolução. Voltando a terra, por intermédio de incorporação buscam cumprir uma missão e evoluir.

Estes exu são "policias de choque", guardiões, sentinelas que vivem em constante vigia do sub-mundo do "crime", das energias densas, cuidando e observando os KIUMBAS( espíritos escurecidos, atrasados). Exu vigia também a atitude do médiuns, observa já que ele também representa o livre arbítrio de todos. Exu permeia na encruzilhada da escolha, na fronteira do bem e do mal, na fronteira da matéria e do espirito, na fronteira da vida e da morte. Está ele, entre o céu e a terra, não tem matéria mas está aqui, entre nós, mas também está lá, entre o divino, falando tudo, contando tudo....Possuidor de um imensurável exercito transformado em linhas, falanges e legiões de espirito auxiliadores. Estas "equipes" os obedecem, por intermédio de severa hierarquia dos comandos astrais, se classificando também como Exus cruzados, espadados e coroados ou seja exus fundamentados. Exu não tem chifre, exu não tem rabo, exu é apenas um espirito sabedor de todas as fraquezas humanas, conhecedor dos desejos, das ganancias e de toda a sorte de sentimento humano. Atua com energias ativa e passiva,como energia passiva, se apresenta em uma manifestação feminina, a famosa e conhecida POMBA GIRA. Existe várias linhas de feitura de exus, falando em formas de fundamentos, formas de assentamentos,porém a nível de entendimento de visão e conceituação de exu, temos apenas duas classificações:
EXU MISTICO: Corrente de entendimento que visualiza exu de uma forma mistica, classificando-o apenas por seus nomes misticos, nomes de manifestação: Exemplo: Exu Tranca Ruas, exu do cementério. Quem cultua exu sob esta égide, o interpreta pelo nome de apresentação ou seja no caso aqui citado, Tranca Rua seria um espirito da rua que se apresenta com este nome por esta lá na rua trancando ou destrancando o segundo exemplo seria de um exu que está lá no cementério cuidando das almas.

EXU DE CABALA: Corrente esta, identificada com este nome não por fazer parte da cabala(CABALA JUDAICA) mas por trazer na sua interpretação algo semelhante o que a cabala representa, ou seja buscar a origem, ir mais além, desvendar o oculto.
Exu cabalístico ele é muito mais que um nome de manifestação, ele é um espirito e por isso queremos saber que espirito é este. Se espirito é energia, queremos saber que energia é esta, quem está por de trás daquela roupagem de manifestação. Para a linha de exu Cabalístico, exu é uma energia bruta que precisa ser lapidada; É a grande explosão do "BIG BEM', SE VOCÊ É EVOLUCIONISTA, É A FORÇA CRIADORA DE DEUS, A AGRESSIVIDADE NECESSÁRIA PARA ACABAR COM A OCIOSIDADE, E PARA TRANSFORMAR O CAUS EM UM MUNDO CHEIO DE CRIATURAS, NO ENTENDIMENTO DE QUEM É DA TEORIA CRIACIONISTA.
Como vocês podem notar existe uma diferença de conceituação nestas correntes que cultuam o exu. Mas em suma exu é tudo isto e muito mais. Teria eu que escrever um livro para explicar a grandiosidade e importância de exu e esmiuçar os campos de atuação dos mesmo. Mesmo deixando muito a falar, por motivo de espaço sem querer me delongar, permeio para o final desta postagem, prometendo em um outro momento, seguir falando de exu.

EXU NÃO É DEMÔNIO; DEMÔNIO SÃO OS SURTOS PSICÓTICOS DOS SERES HUMANOS.
Laroyê exu !

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

DIÁLOGO ENTRE UM EXU E UM PRETO VELHO


                                                                                                             





Navegando pela internet deparei-me com essa preciosidade que a partir de agora compartilho com os irmãos para que juntos façamos  uma reflexão sobre o assunto:






                                               Texto de autoria de Carlos de Ogum



Na Umbanda temos maravilhosas Entidades de Luz. Entidades essas
que evoluíram de tal forma em suas vidas encarnadas que foram
abençoadas por Zambi (Deus) para se tornarem seres iluminados que
trazem a caridade, a paz, o amor, a saúde, aconselhamentos, aberturas
de caminhos e evolução a nós, simples seres humanos, repletos de
defeitos, mesquinharias, sentimentos de ódio, inveja, desamor.

    Essas Entidades de Luz vem de diversas formas, linhas e
irradiações. São determinadas a esses trabalhos árduos, de fazer
chegar a compreensão a nós, seres inacabados, pelos poderosos Orixás
de Deus, fazendo assim que essas Entidades divinas fiquem entre a
força divina da natureza do Pai Maior, que são os Orixás, e entre nós,
humanos repletos de erros e sentimentos ruins.

Essas Entidades maravilhosas vem como Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ciganos, Erês (Ibeijadas, Crianças), Malandros, as Pombo
Giras e nossos amados Exús.

    E vamos falar justamente dos Exús, claro englobando também as
Pombo Giras.

    Essas Entidades são extremamente dedicadas as causas que são
determinadas a elas. Tem uma segurança incrível, uma determinação
maravilhosa, uma luz sem igual, um apego divino a seus protegidos,
enfim, são Entidades de Luz, voltadas para a pura caridade, sempre
mostrando o caminho correto, sempre pregando que o mal nunca deve ser
pedido, sempre ensinando a nós, seres não evoluídos e egoístas, que
temos livre arbítrio, que amarração é algo de pessoas sem amor
próprio, que desejar o mal a seu semelhante e algo que só vai servir
para trazer o retrocesso da evolução espiritual.

    Mas se essas Entidades agem assim, se elas pregam essas palavras,
se elas fazem de tudo para nos ensinar fazer o bem, porque são
temidas, porque usam o nome delas para fazer o mal, porque é pregado
que nossos amados Exús tem ligação com seres das trevas?

    A verdade disso tudo é a falta de informação, a pregação dada por
pessoas que se fiam no dinheiro, a mistificação e a falsidade de
alguns líderes de algumas religiões, principalmente algumas ditas
evangélicas, que necessitavam arrumar algo para demonizar, e assim
fazer seus fiéis temerem algo que não conheciam, obrigando-os a se
entregarem as falsas pregações desses líderes, e claro pagando seus
dízimos, ofertas, obrigações, entre outros vários tipos de cobranças
feitas por esses líderes mal intencionados.

    Também vemos dentro da própria religião umbandista, alguns líderes
com essa mesma intenção, a de surrupiar bens de consulentes mal
informados. Só que nesses casos não pregam que os Exús seriam ligados
as trevas demoníacas, e sim que eles faziam magias para levar o mal a
um semelhante, eles traziam e amarrariam pessoas em um amor falso,
trancariam caminhos, levariam doenças e infortúnios. E tudo isso
mediante a uma cobrança em dinheiro.

    E os pobres Exús, o quão tristes ficam com toda essas mentiras,
todas essas falsidades, todas essas hipocrisias usando seus nomes.

    Alguém já pensou nisso?

    Alguém já parou para refletir, como uma Entidade de Luz, que foi
acolhido pelo amor e pelos braços de Deus, que foi abençoado e
presenteado em virar uma Entidade trabalhadora em prol da caridade,
fica quando um consulente chega frente a frente com essa Entidade e
pede para trancar a vida de um irmão, ou amarrar uma pessoa que tenha
seu livre arbítrio de amar ou não amar alguém, ou de destruir uma
família unida pela paz e o amor?

    Acredito que muitas pessoas nunca pensaram nisso, nessa
mediocridade, nessa injustiça, nessa falta de respeito com a Entidade
de Luz, quando chega para pedir absurdos assim.

    E nessa visão vamos ver um diálogo de um Exú e um Preto Velho que
nos demonstra que as Entidades são luz, são divinas, são caminhos, mas
sentem uma tristeza em ver seus filhos, consulentes e protegidos
tentando fazer deles escravos espirituais.

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    Em um certo dia na beleza das terras espirituais de Aruanda,
cidade de luz onde encontramos nossas amadas Entidades, um Exú que
acabara de retornar de um trabalho espiritual de incorporação em um
médium trabalhador de uma casa umbandista, vai até um Preto Velho,
que se encontrava sentado em seu toco de madeira, pitando calmamente
seu cachimbo, soltando a fumaça no ar e observando toda a bela
natureza da cidade espiritual. O Exú chega olhando firme para o velho
negro, e assim se inicia o diálogo:

Exú: Sua benção meu velho.

Preto Velho: Que Pai Oxalá te abençoe meu fio.

Exú: Será que posso ficar um pouco com o senhor meu velho?

Preto Velho: Claro meu fio. Mas porque esse semblante tão
entristecido?

Exú: Acabei de chegar de uma Gira em um Terreiro de Umbanda, no qual
trabalhei com um médium muito honesto, que me deixa a vontade em me
expressar, sem que ele tente interferir ou mistificar.

Preto Velho: Mas isso não é para nos deixar feliz fio? Tantos médiuns
que são tomados pela vaidade, arrogância, falta de humildade. Esse fio
que vosmicê trabaia, sendo um exemplo na religião, e vosmicê chega
tristonho?

Exú: Sim meu velho, eu tenho muito carinho e respeito por esse médium
caridoso, trabalhador da honestidade. Mas, essa tristeza que está
apertando em meu peito meu pai, não é pelo meu amado aparelho. São
pelas pessoas que foram ao terreiro, pessoas que se consultaram
comigo, com meus irmãos e minhas irmãs.

Preto Velho: Sim meu fio, estou começando a entender essa sua
tristeza. Mas vamos tirar ela de seu peito, encoste sua cabeça no
ombro desse veio, deixe seu coração falar, deixe sua luz se acender,
desabafe tudo aquilo que você trouxe la da terra, dos sentimentos dos
homens sem sentimentos.

    O Exú encostando a cabeça no ombro do Preto Velho, como se
pedisse um afago, fez uns segundos de silencio, e logo após se pôs a
falar, num tom baixo, um tanto desanimado, cabisbaixo, parecendo
tentar esconder algumas lágrimas que teimavam em cair de seus olhos.

Exú: Sabe meu pai, nessa gira de hoje tive muitos atendimentos. Homens
que desejavam que seu semelhante perdesse a vida, para que assim
pudesse se apropriar de cargo superior em local de trabalho de ambos.
Mulheres que traziam ódio no coração por um suposto amor, que só ela
entendia que existia, entre ela e um homem, que por seu livre
arbítrio, achou por bem que deveria tomar outro caminho. Tantas
maldades pedidas, tantos desamores, tantas angústias, tanto ódio
espalhados em palavras, tantas cobranças, tantas aberturas dadas a
obsessores, que invadiam os corações e mentes dessas pessoas, fazendo
delas fantoches do espírito do mal.

Preto Velho: Sim meu fio. Entendo o que deseja dizer. Já vi muita
dessas pessoas nas casas de Umbanda, e isso sempre nos traz essa
tristeza que você tem em seu peito.

Exú: Meu velho, tive que lutar muito no dia de hoje, ´para tentar
salvar as almas dessas pessoas. A cada pedido para que seja feito o
mal, novos obsessores chegavam. Meus irmãos que tomavam conta da
tronqueira, lutavam firmemente e arduamente para que nossa gira
não fosse dominada por Kiumbas e Zombeteiros. Minhas irmãs, Pombo
Giras, tentavam se fazer entender, falando as pessoas de coração
sombrio e cheio de ódio, que o amor não se amarra, se conquista. Eu
via por todos os cantos da casa grandes obsessores tragos pelos
filhos que ali estavam simplesmente para pedir o mal, e trazendo nas
mãos marafo, charutos, materiais orgânicos, tentando comprar magias
não existentes. E achando tudo isso a coisa mais natural do mundo.

Preto Velho: E alguns de vosmicês aceitaram essas trocas meu fio?

Exú: Não meu Pai. Estamos acima dessas vontades materiais e orgânicas.
Mas infelizmente temos alguns médiuns mistificadores que usam nossos
nomes para tal recebimento. Dizendo fazerem amarrações, trancamentos,
maldades, fechamentos de caminhos, e muitas outras coisas sujas.

Preto Velho: E vosmicês alertaram o Babalorixá da casa, do acontecido?

Exú: Mas meu velho, era o próprio Babalorixá que se prestava a essas
cobranças, usando o nome de um de nossos irmãos.

Preto Velho: Cada vez mais entendo sua tristeza meu fio. Mas diria a
ti para não se deixar ser levado por esses medíocres da religião, pois
meu fio, a Umbanda está muito acima disso, está muito além dessa falta
de compreensão, muito acima dessa ganância, muito acima desses
obsessores encarnados e desencarnados.

Exú: Sim meu pai. Eu creio nisso também.

Preto Velho: Creia sempre meu fio. Pois Deus espera de nós, Entidades,
essa grandeza de fazer o bem, lutar contra o mal, ensinar os
incompreensíveis a compreender, mostrar o caminhos de luz a quem
teima em buscar escuridão.

Exú: Sabe meu pai, no meu caminho de volta para Aruanda, para não
chegar aqui com tantas cargas negativas, tantos obsessores trancados,
tantos sentimentos humanos ruins, fui até aos irmãos da Calunga
Pequena, para que me auxiliassem a me livrar de tantos pesos deixados
pelos consulentes e seus pedidos incoerentes. Vi muitas moradas de
corpos inertes, corpos esses que as almas estavam presas nas
profundezas clamando por ajuda. Um desses corpos me chamou a atenção
meu velho. Era de um antigo consulente que hora ou outra vinha até mim
pedir para que seus caminhos abrissem, e para isso ele deveria então
passar por cima de um semelhante.
    Esse homem, certa vez me disse que ali onde nos encontrávamos não
teria o "trabalho forte" que ele tanto buscava. Que ali só se falava
em Deus, que ali não abria caminhos que ele desejava abrir, do modo
que ele pretendia. Escutei calmamente aquelas palavras, olhei em seus
olhos e disse, que o caminho dele era ele mesmo que fazia, seu livre
arbítrio era respeitado, assim como ele deveria respeitar o livre
arbítrio de todos.

Preto Velho: Fez muito bem meu fio.

Exú: Lhe disse também, que ele poderia partir, que levasse Deus no
coração, e refletisse sobre aqueles pedidos. E certamente um dia nos
veríamos de novo, e dependendo de seu modo de agir e pensar dentro da
religião, nosso encontro seria ou em um caminho de luz, ou em um
caminho da escuridão, onde eu certamente teria que resgatá-lo.

Preto Velho: Belas palavras meu fio. Vosmicê sabe muito bem como é o
caminho dessa escuridão, esteve lá milhares de vezes resgatando almas
perdidas, buscando seres sem humildade, sem amor, entregues ao ódio,
que muito se arrependeram após conhecer a verdadeira desgraça da
maldade criada em seus próprios corações.

Exú: Isso mesmo meu pai. Um lugar dominado pelo mal, por obsessores,
kiumbas, eguns e Zombeteiros, tomados pela enorme vontade de sugar
todas as energias, todas as formas orgânicas, todos os sentimentos de
ódio que os seres humanos possam espalhar uns para os outros, fazendo
assim que esses espíritos do mal possam ser fortalecidos dia após dia.

Preto Velho: Sim meu fio. Muito triste que os encarnados não
compreendam isso. Esse fortalecimento do mal. Fortalecimento esse
feito pela ganância, por esses pedidos de prejudicação a semelhantes,
entregas de materiais orgânicos, como carne, sangue, e ainda dizendo
que são para os Exús. Muito triste isso meu fio.

Exú: Sim meu velho, muito triste mesmo.

Preto Velho: Mas fio amado, continue me falando desse consulente.
O que aconteceu? Você o encontrou novamente?

Exú: Sim meu velho. Ao ver aquele corpo inerte na Calunga Pequena, e
ao reconhecê-lo, fiquei imaginando onde estaria o seu espírito. E foi
ai que decidi ir até abaixo da linha da luz divina para tentar
encontrá-lo.

Preto Velho: E o encontrou meu fio?

Exú: Sim meu velho. Ele estava nas profundezas, quase sem energia
nenhuma, tomado por obsessores de todos os lados, segurando em uma das
mãos uma imagem de gesso, que ele acreditava ser minha. Uma imagem de
um homem de pés de bode, chifres e cauda do demônio. Em outra das mãos
ele segurava firmemente um grande pedaço de carne sangrenta, meio
apodrecida já, juntamente com uma garrafa de bebida alcoólica e alguns
charutos. Dizia que era sua oferenda para Exú, e que assim que
conseguisse fazer essa entrega, todos seus desejos mais obscuros iriam
se realizar.

Preto Velho: Pobre alma. Não entendeu ainda que só estava energizando
os obsessores, e assim deixando seu espírito sem chance nenhuma de
sair dali.

Exú: Isso mesmo meu pai. Foi ai que eu cheguei perto dele, chamei-lhe
a sua atenção para mim, ergui minha mão em sua direção e lhe disse,
"Venha comigo meu filho. Deixe essas coisas nesse chão imundo. Você e
nem eu precisamos disso."
Ele me olhou firmemente, abraçando junto ao peito todas aquelas
coisas, e disse: "Quem é você? O que quer de mim?"

    Eu respondi tentando ser o mais sereno e convincente possível:
"Sou o Exú que você um dia foi procurar. O Exú que você não aceitou
como protetor. O Exú que lhe disse que um dia íamos nos encontrar
novamente. O Exú no qual você deu as costas e partiu. O Exú que você
afirma que precisa dessas coisas materiais e orgânicas como oferendas.
O Exú que está aqui para tentar lhe mostrar que seu livre arbítrio
ainda tem um poder para te salvar da escuridão eterna e dos obsessores
que tomam toda sua energia para que não tenhas forças para vencer. O
Exú que está lhe dando a mão para sua evolução verdadeira. Deseja vir
comigo?

Preto Velho: E ele aceitou meu fio?

Exú: Infelizmente não meu velho. Ele me olhou de modo desconfiado, de
cima a baixo, e disse: "Você não é um Exú. Onde está seus pés de bode,
seus chifres e cauda. Onde está seus olhos flamejantes, seu odor de
enxofre? Você deseja me enganar para levar minhas oferendas, e assim
eu nunca vou conseguir fazer com que meus inimigos caiam para que eu
consiga o lugar deles, eu nunca vou conseguir fazer os males da doença
seja espalhada a quem um dia me ignorou, eu nunca vou conseguir aquele
amor que deveria ser meu. Preciso amarrar aquela mulher. E você
desejando tudo que tenho para comprar a magia dos Exús de verdade."
Saia daqui, afaste-se de mim."

Preto Velho: Sim meu fio, ele ainda não tinha aprendido a usar o livre
arbítrio para fazer o bem.

Exú: Não meu velho. Ele só via o próprio ódio que estava em seu
coração. Infelizmente não pude fazer nada, além de insistir mais um
pouco, tentar mostrar que eu era um Exú, e que somos Entidades de
Luz, Entidades enviadas por Deus, e não apenas escravos das
oferendas, que para nós é totalmente sem importância. Tentei mostrar
que minha imagem humanizada, que minha voz serena, que minha face
tranquila era exatamente a de um Exú, uma Entidade evoluída que tenta
auxiliar todos os filhos que ainda se prendem aos erros impostos por
alguns médiuns mistificadores ou interesseiros. E deixei bem claro que
só poderia resgatá-lo pela menção de sua vontade, pois respeitaria
seu livre arbítrio eternamente.

Preto Velho: E isso deixou vosmicê bastante tristonho não é meu fio?

Exú: Sim meu Pai. Não conseguir resgatar uma alma da obsessão, dos
espíritos caídos, das trevas eternas, é de maltratar muito os
sentimentos de protetores que nós, Exús e Pombo Giras temos. Mas ainda
ficamos mais tristes quando são colocados nossos nomes como autores
das crueldades, das más intenções, das amarrações, e de tantas coisas
ruins, criadas pelos encarnados, feitos pelos Eguns, pelos
Zombeteiros, pelos Kiumbas e depois cobrados a quem fez esses pedidos
por dezenas e dezenas de obsessores, que vão sugar todas as energias
desses encarnados até eles entregarem seus espíritos as trevas
eternas. E depois nós, Exús e Pombo Giras, temos ainda a missão de
tentar resgatar essas almas, dentro do livre arbítrio delas, as vezes
não conseguimos, e muitas vezes conseguimos. E temos que ouvir alguns
líderes de algumas religiões nos taxando de demônios, senhores das
trevas, vagabundos, prostitutas e amaldiçoados.
Ah meu velho, como é difícil esse trabalho.

Preto Velho: Sim meu fio. Mas vosmicê acredita se fosse fácil seria
uma missão divina?

    Será fio meu, que se ocês, Exús e Pombo Giras, não tivessem essa
missão tão árdua, vosmicês estariam nesse grau tão maravilhoso de
evolução?

    Será que ter essa luta diária contra o mal, sem se deixar ser
levado por oferendas sangrentas, por marafo entregue na encruza, por
pito que faz uma fumaceira que esconde as más intenções, por ebós
banhados por dendê, não faz dos amados Exús e Pombo Giras Entidades
supremas, acima do grau de evolução de muitos seres?

    Será meu fio que quando um encarnado vem com a arrogância pedindo
que faças uma amarração amorosa ou espiritual a um semelhante, e ocês
com toda a humildade, mostram que o amor não pode ser amarrado, que o espírito é livre até
que ele seja entregue aos obsessores através das maldades feitas pelo
próprio encarnado. Mesmo que esse encarnado menosprezem seus
trabalhos, chamando de "trabalho fraco", "trabalho sem força". Mesmo
assim, ocês continuam tentando demonstrar que o bem não pode ser
trocado pelo mal, que a luz não pode ser trocado pela escuridão, que o
amor não pode ser trocado pela amarração. E se mesmo assim esse
encarnado lhe der as costas, ocês o acompanham e o protege, mesmo
sendo vistos ou como Exús fracos, ou como seres do demônio, mas sempre
ali levando a luz.

Exú: Sim meu velho, é assim nosso trabalho. É assim que agimos.
É assim que somos.

Preto Velho: Sabe meu fio, eu enquanto encarnado, nas fazendas de
café, no cativeiro das senzalas sujas e frias, acorrentado nas
correntes da ignorância do homem branco, sendo açoitado nos troncos da
morte, já tive a mesma tristeza que ocês, exús e Pombo Giras trazem
no coração. Então eu elevava minha fé a Zambi, rezava uma oração,
pedia a nosso Deus poderoso para perdoar aqueles feitores que nos
castigavam cruelmente, aqueles coronéis sedentos da ganância que nos
vendiam como animais, aqueles homens e mulheres de peles branca como a
nuvem que nos açoitavam, nos humilhavam, nos matavam friamente, apenas
para demonstrar poder, apenas porque éramos negros na pele, esquecendo
que tínhamos um coração que batia e chorava igualmente a todos, que
tínhamos o sangue vermelho correndo nas veias como todos os seres de
Deus, que amávamos, sentíamos dor, fome, sede, e tudo mais como os
brancos. Mas mesmo assim éramos vistos como fracos, diferentes,
escória, feiticeiros, endemoninhados.
Então meu fio, talvez seja melhor fazermos uma prece para essas almas
perdidas, para esses mistificadores que tentam se passar por ocês,
para esses falsos líderes religiosos que necessitam de criar um
inimigo que venha das trevas para induzir aos pobres fiéis sem
conhecimento, e assim tirar todo seu ouro e prata, para todos que por
ignorância imagina que a linha "docês" traz o mal, faz feitiçarias,
amarra almas e sentimentos, tudo isso trocado pelo sangue, carne,
velas, marafo, ebó, padê, como escravos das trevas.
A prece acalma, traz luz a esses seres, afasta obsessores, encaminha
almas, traz alegria. Vamos fazer essa prece meu fio?

Exú: Meu velho, o senhor tem uma sabedoria grandiosa. suas palavras já
acalmaram meu coração. Vamos meu velho, vamos fazer nossa prece.

Preto Velho: Antes meu fio, dá cá um abraço nesse veio, que já está
com lágrimas no zoio.

Preto Velho/Exú: Deus nosso Pai, que sois todo poder e bondade...

... Que assim seja!
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    Respeitem as Entidades de Luz. Amem essas Entidades assim como
elas amam a todos.

    Ao se consultarem com uma Entidade de Luz, reflita muito bem sobre
o que vai pedir. As Entidades nunca fazem o mal, elas agem dentro da
caridade suprema, elas não são escravas que trabalham em troca de
migalhas e nem em troca de todo ouro do mundo. As Entidades tem como
lema, fazer sempre o bem, nunca vai contra o livre arbítrio das
pessoas, nunca iria fechar caminhos de alguém simplesmente porque
outro alguém pediu, nunca iria amarrar um amor ou um espírito, pela
falta de amor próprio ou prepotência de um consulente desavisado,
nunca fariam parte das trevas do demônio, tendo a luz divina de Deus
iluminando sua caminhada e sua evolução.

    As Entidades da Umbanda, nossos amados Pretos Velhos, Caboclos,
Boiadeiros, Ibeijadas, Malandros, Ciganos, Pombo Giras e os nossos
mais que amigos e guardiões Exús, são anjos enviados pelo Pai Maior
para nos salvar de nós mesmos.

Reflita muito bem sobre isso, antes de levarem seus supostos problemas
a um terreiro de Umbanda.

                                                                         Salve a Umbanda Universal!


                                                                                  Josimar Fracassi
                                            Diretor Espiritual do Templo de Umbanda Jorge da Capadócia
                                                              Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil

                       

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Iansã... Oyá ! Arquétipo de seus filhos.



O filho de Iansã é conhecido por seu temperamento explosivo. Está sempre chamando a atenção por ser inquieto e extrovertido. Sempre a sua palavra é que vale e gosta de impor aos outros a sua vontade. Não admite ser contrariado, pouco importando se tem ou não razão, pois não gosta de dialogar.
Em estado normal é muito alegre e decidido. Questionado torna-se violento, partindo para a agressão, com berros, gritos e choro.
Tem um prazer enorme em contrariar todo tipo de preconceito.
Em seus gestos demonstra o momento que está passando, não conseguindo disfarçar a alegria ou a tristeza. Não tem medo de nada. Enfrenta qualquer situação de peito aberto. É leal e objetivo.
Sua grande qualidade, a garra, e seu grande defeito, a impensada franqueza, o que lhe prejudica o convívio social.
Iansã é a mulher guerreira que, em vez de ficar no lar, vai à guerra. São assim os filhos de Iansã, que preferem as batalhas grandes e dramáticas ao cotidiano repetitivo.

Abraços fraternos aos amigos, irmãos e simpatizantes...

                     Josimar Fracassi 

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

EXÚ DE QUIMBANDA




EXU...QUIMBANDA !!

Antes de falarmos desta entidade, escreverei um breve conceito de Quimbanda.

O QUE É QUIMBANDA? É identificado por alguns como o lado esquerdo (polo negativo) da Umbanda, ou seja, que tem todo conhecimento do mundo astral, inclusive da magia negra, e que podem ajudar a fazer o bem ou o mal. Suas entidades vibram nas matas, cemitérios e encruzilhadas, também conhecidos como "Povo da Rua" e abrangem os mensageiros ou guardiões Exus e Pombo-Giras.

Quimbanda em outras palavras é uma ramificação da umbanda, é um "braço da umbanda que trata exclusivamente dos nossos "polêmicos exus", entidades estas que atuam como a policia de choque no plano espiritual.

EXU: QUEM É?  OQUE É?  EXU NO "CRIACIONISMO" ?  EXU NO EVOLUCIONISMO... EXU MISTICO E DOGMÁTICO... EXU CABALÍSTICO!
Quando falamos de exu de quimbanda, necessário se faz deixar claro que não estamos falando do orixá exu (bará)africano. Aqui falamos de entidade em evolução cumprindo seu karma,  espíritos que em algum tempo viveram aqui na terra como nós e voltam para cumprir um papel de caridade  a fim de completar seus graus de evolução. Neste intuito, exu age como "policia de choque"nos trabalhos que exijam força e vigor. Exemplo: afastar um "quiumba" (espirito escurecido e perturbador) de uma determinada casa ou pessoa. Exu de quimbanda se apresenta em várias linhas, falanges e grupos. São legiões de espíritos que usam diversos nomes(mistico) para se apresentarem.

 COMO MINHA INTENSÃO NÃO É CONFICIONARIA, NÃO ADENTRAREI NO QUE SÃO ESSAS LINHAS, FALANGES E GRUPOS, UMA VEZ QUE ISTO JÁ ADENTRARIA NOS RITUAIS DO EXU ESPECIFICAMENTE FALANDO, O QUE SÓ É DE INTERESSE A INICIADOS.

Acima tracei um conceito de exu em um aspecto mistico e dogmático.
Também poderia dizer que exu está muito atrelado as coisas da terra, muito próximo do homem e é conhecedor de todas as deformações e qualidades da moral . Exu é o conhecedor da vaidade do Homem. Exu é o livre arbítrio; Ele é a "arma" e nunca o dedo que puxa o gatilho, isto quem faz são os homens..
Exu, como "ente" é dogmático e mistico, usa como manifestação, varias "roupagem mistica, inclusive seus nomes...

EXEMPLO DOS NOMES MÍSTICOS: CAVEIRA, PORTEIRA, MORCEGO, PANTERA NEGRA, 7 CRUZEIRO, CALUNGA DAS ALMAS, TRANCA RUA,  POMBA GIRA ETC....

Mas exú também é ENERGIA, DUALIDADE e quando vamos conceituar exú neste aspecto, estamos adentrando a cabala. Conceituando exú em uma forma cabalística e neste contexto encontramos o nome cabalístico de exú ( que não entrarei no mérito da questão por dizer respeito a iniciados)
CABALA CONCEITUA EXU COMO ENERGIA PURA E BRUTA.

Na cabala exu é a agressividade necessária e natural existente nos seres humanos, o que impulsiona o Homem e também o Universo a estar em movimento, caso contrário seria tudo estático. EXU É ESFERA EM MOVIMENTO, ENERGIA IMPULSORA....

Exu é inicio, meio e fim, é a transformação, o nascimento, o crescimento e o amadurecimento...
É a energia  do Homem que também nasce, cresce e morre.....

EXEMPLIFICANDO ESTA ENERGIA (SEGUNDO A CABALA):

EXU NO CRIACIONISMO : Se você acredita que tudo que existe no universo, na terra resulta de uma VONTADE DIVINA, QUE É RESULTADO DA INSPIRAÇÃO DE DEUS, entenda que,  ESTA VONTADE , OU INSPIRAÇÃO, GANA DE ACABAR COM A OCIOSIDADE E O CAUS,  É EXU.

Ou seja, exú seria a força a vontade, a energia construtiva para criar o mundo, também a força e energia necessária para a multiplicação das espécies.
Mas se você não acredita no Criacionismo, que esta teoria não lhe convence, somos resultado de uma evolução e que o mundo descende de uma GRANDE EXPLOSÃO, O FAMOSO "BIG BENG" então Exu nesta teoria evolucionista seria a própria explosão, energia que explode, movimento de elétron, átomos e todas as reações químicas e físicas agindo e reagindo, formando e transformando.... ISTO É EXU NA CABALA.....ENERGIA PURA, BRUTA E NECESSÁRIA.

Exu na cabala, sendo energia atua como passivo e ativo, negativo e positivo...Dualidade.
A energia passiva do exu, na visão dogmática é a manifestação feminina,por intermédio de uma apresentação mistica e dogmática chamada POMBO GIRA( A PARTE FÊMEA DE EXU).

A energia passiva do exu, na visão dogmática é a manifestação feminina por intermédio de uma apresentação mistica e adogmática chamada POMBO GIRA.

A vaidade do homem e a falta de ética e moral aproveitou-se da qualidade que o exu tem, ou característica de humano que ele possui, e também o largo conhecimento, do homem e a proximidade dele ao homem, para transformar  estes espíritos(mistico e dogmático) e ou estas energias(cabala) em verdadeiros bacanais, ligando-os a orgias, festas,e beberagens. Outros sim, por vaidade e ânsia de poder ,e necessidade de impor medo e aniquilar os outros, transformaram exú em demônios...

(Texto de Moisés de Oxalá S. marques)

EM TEMPO:  LÚCIFER, DIABOS E DEMÔNIOS, SÃO OUTRAS COISAS.... que comentaremos em matéria posterior...


                                                                             Abraços fraternos


                                                                          Pai Josimar da Capadócia


terça-feira, 15 de novembro de 2016

CONHECENDO UM POUCO DA UMBANDA

POR:   JOSIMAR FRACASSI





Vou tentar falar um pouco da Umbanda e tentar mostrar aos irmãos os seus mais diferentes tipos ou pelo menos os mais conhecidos.

De acordo com a história, em 15 de Novembro de 1908, um espírito chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas teria se manifestado pela primeira vez em um jovem médium de 17 anos, Zélio Fernandino de Moraes,  e que em sua casa, contra a vontade de muitos e dos "Doutos" da época fundou essa consagrada Instituição da Espiritualidade Superior que tanto contribui  para o desenvolvimento Moral , Espiritual e Cultural do Ser humano, a Umbanda.

A umbanda é um tipo de religião, que nasceu da mistura de diversas crenças, vindas de outras religiões como espiritismo, catolicismo, entre outros. A religião veio da cultura afro, entretanto sofre influências de muitas outras culturas, brasileiras ou não.

PRINCIPAL FUNDAMENTO

A ritualística de Umbanda é muito vasta e é passada de pai pra filho durante as gerações. Porém, o principal fundamento desta religião é a caridade, passada através dos atendimentos realizados. Através da incorporação mediúnica, as entidades espirituais prestam socorro às pessoas que recorrem aos centros de Umbanda; Seu lema é Amor, Verdade e Justiça.


DIFERENTES TIPOS DE UMBANDA


Com o passar do tempo, a religião de umbanda passou por diversas mudanças e transformações e também criou algumas ramificações. Algumas delas são:

Umbanda Tradicional – Criada pelo Zélio Fernandino de Moraes, no Rio de Janeiro.

Umbanda Traçada – Ou, Umbandomblé, onde um mesmo sacerdote pode realizar sessões distintas de umbanda ou de candomblé.

Umbanda Branca – utiliza elementos espíritas, kardecistas e os adeptos usam roupas brancas.

Umbanda de Caboclo – forte influência da cultura indígena brasileira.

OS 7 ORIXÁS DA UMBANDA

Cada pessoa nasce sob o manto de vibração de algum dos Orixás, fato que é descoberto em rituais da religião. Os orixás exercem uma enorme influência em seus “Filhos”, aqueles que nasceram sob o seu manto. Neste ponto, cada terreno também pode cultuar mais Orixás do que alguns outros, porém os mais importantes são:

Oxalá – A Paz

Ogum – O Guerreiro

Iemanjá – A Rainha do Mar

Oxum – O Ouro

Xangô – O Rei

Iansã – A Tempestade


Oxossi – O Caçador

Espero ter contribuído com esse texto, embora de uma maneira muito simples e resumida, mas cumprido o seu real objetivo que é de elucidar aos leigos,  irmãos de fé, amigos, adeptos e simpatizantes o que é realmente a nossa amada Umbanda.

                                                                        Abraços fraternais


                                                                   Pai Josimar da Capadócia

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

CABOCLOS DE UMBANDA




A palavra caboclo, vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas.

A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori. Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro – indígenas, negros e brancos europeus – e também representam as três fases da vida – a criança, o adulto e o velho – mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras muito cultuados no sudeste e nordeste Brasileiro, sem falar de Exu, outro grande ícone Umbandista.

Essa diversidade confirma a abrangência desse movimento espiritual que chama a todos e recebe seres encarnados e desencarnados, com vibrações de fraternidade e amizade sob a luz de Oxalá.

Nesse artigo trataremos, mais especificamente, das entidades conhecidas como Caboclos, invariavelmente presentes nos terreiros de Umbanda de todo o Brasil, praticando a caridade e cumprindo sua missão espiritual.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro, (veja mais nas obras de Betty Mindlin).

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas – nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi. Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.

Feitas essas ressalvas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc.

Vejamos alguns exemplos de Caboclos de Oxossi: Caboclo Sete Flechas, Caboclo Folha Seca, Caboclo Pena Vermelha, Cacique das Matas, Caboclo Cobra-coral, Cabocla Jurema, Cabocla Jacyra, Caboclo Ventania, Caboclo Caçador e outros. Na linha de Ogum temos: Ogum de Lê, Ogum Beira-mar, Ogum Matinata, Ogum Sete Ondas, Caboclo Biritan, Ogum Megê, Ogum Sete Espadas e mais uma plêiade de espíritos que vêm sob essa vibração. Entre os caboclos de Xangô temos muitos caboclos famo­sos, como Caboclo das Sete Pedreiras, Caboclo Vira-mundo (que vem como Xangô ou Oxossi), Xangô Kaô, Caboclo Pedra Branca, Caboclo da Pedra Preta etc. Para citar alguns da linha de Oxalá, que dificilmente baixam, temos Caboclo Ubiratan, Caboclo Girassol, Caboclo Ipojucan, Caboclo Guaracy e Caboclo Tupi. Esses caboclos, normalmente, vêm fazendo cruzamento vibratório com outros orixás, especialmente com Oxossi.

Todas as entidades de Umbanda são importantes. Ainda que alguns se orgulhem de serem médiuns de caboclos renomados e tidos como chefes de falange, o que vemos é que quando estão no terreiro, os Caboclos tratam uns aos outros como iguais, mostrando que o que importa é o trabalho espiritual e, como em uma aldeia, tudo é feito em conjunto e com as ordens dos planos superiores. Assim diz um ponto cantado de caboclos: na sua aldeia ele é caboclo, é Rompe-mato e seu mano Arranca-toco, na sua aldeia lá na jurema, não se faz nada sem ordem suprema.

É também do linguajar de caboclo, que não cai uma folha da jurema (da mata), sem ordem de Oxalá, ou seja, que tudo na vida tem motivo e que nossas ações são registradas na lei de causa-e-efeito, ou lei do karma. Mas isso não significa ficar passivo, esperando o pior acontecer. Os Caboclos também ensinam a termos coragem e a sermos guerreiros na vida, lutando pelo que é justo e bom para todos. No que é possível, os caboclos nos ajudam a entrar na macaia (a mata que simboliza a vida), a cortar os cipós do caminho (vencer as dificuldades) e, se preciso, caçar os bichos do mato (vencer as interferências espirituais negativas). Essa postura é evidenciada em vários pontos, como esse:
Atira, atira, eu atirei, eu bamba vou atirar Bicho no mato é corredor, Oxossi na mata é caçado.

Cadê Vira-mundo pemba (bis)
Tá no terreiro, pemba, com seus caboclos, pemba.
Veado no mato é corredor, cadê meu mano caçador
E o Caboclo Ventania que me protege noite e dia.

Para quem vivência o terreiro, que há anos luta as batalhas espirituais e já viu os caboclos vencendo as demandas dos filhos-de-fé, afastando entidades negativas, tratando doenças que a medicina muitas vezes não resolve e dando lições de simplicidade, humildade, coragem e persistência, ouvir ou mesmo lembrar esses pontos cantados, traz uma sensação de alegria que enche o coração, renova o ânimo e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo. Melhor do que qualquer leitura sobre caboclo é vê-lo incorporado atendendo quem precisa.
Fonte: Revista Orixás, Candomblé e Umbanda

                                                                      Saravá Umbanda !
                                                                    Pai Josimar da Capadócia

domingo, 16 de outubro de 2016

PORQUE ASSENTAR O EXU GUARDIÃO ?



Todos os que conhecem a Umbanda e os demais cultos afro brasileiros sabem que, antes de qualquer trabalho ser iniciado, é preciso ir até a tronqueira ou casa de Exu e firmá-lo, para que ele possa atuar por fora do espaço espiritual do templo, protegendo-o das investidas de hordas de espíritos “caídos” que estão atuando contra as pessoas que buscam auxílio espiritual e religioso que possa livrá-las dessas perseguições terríveis.

Para que um trabalho transcorra em paz, harmonia e equilíbrio, e para que os guias espirituais possam atuar em benefício das pessoas e trabalhar os seus problemas, é preciso que tronqueira esteja firmada, porque assim, ativada, ela é um portal para o vazio relativo regido pelo senhor Exu guardião ligado ao Orixá de frente do médium dirigente do templo.

Um Exu guardião é assentado, na casa de exu e vários outros são “firmados” dentro dela, sendo que estes estão ligados a outros senhores Exus guardiões de reinos e de domínios regidos por outros Orixás.

Os outros não podem ser assentados, senão dois vazios relativos se abrem “ao redor” do espaço espiritual “interno” do templo, e a ação de um interfere na do outro.
Um só Exu guardião é assentado, e todos os outros são só “firmados” na tronqueira, pois, se dois forem assentados na mesma, a ação de um interferirá na ação do outro vazio relativo aberto no “lado de fora” do templo.

Assentar o Exu e a Pombagira guardiã no mesmo cômodo ou “casa de esquerda” é aceitável, porque o campo de ação dele se abre no “lado de fora” e o campo dela abre-se para dentro do “lado de dentro” do templo, criando apolarização com o campo do Exu guardião.

. O campo do Exu guardião é o vazio relativo que se abre no lado de fora do espaço espiritual interno do templo.

. O campo da Pombagira guardiã é o “abismo” que se abre para “dentro”, a partir do espaço espiritual interno do templo.

. Esses duas entidades são indispensáveis para o equilíbrio de um trabalho espiritual, porque um atua por fora e o outro atua por dentro do templo.

. Um se abre para fora, repetindo o mistério das realidades, e o outro se abre para dentro, repetindo o mistério das dimensões.

. Exu retira do “espa­ço infinito” tudo e todos que estiverem gerando desequilíbrio ou causando desarmonia.

. Pombagira recolhe ao âmago do espaço in­finito tudo e todos que o estiverem desarmoni­zan­do.

São duas formas pare­cidas de atuação, mas Exu retira, e Pombagira inte­rioriza.
Comparando o espaço infinito com um vulcão, Exu seria o ato de erup­ção, quando ele descarrega a intensa pressão interna. Já a ação de Pombagira, seria a das rachaduras internas , que a pressão abre dentro da crosta, nas quais correm e acumulam-se toneladas de lava vulcânica, que se acomodam e, lenta­mente, se resfriam e se cristalizam, gerando enormes acúmulos de minérios e cristais de rochas.

Exu e Pombagira são indispensáveis aos trabalhos espirituais, porque junto com os consulentes vêm todas as suas cargas energéticas e vibratórias negativas; suas cargas espirituais e elementais que sobrecarregam o espaço espiritual interno, que deve ter essas duas “válvulas” de escape funcionando em perfeita sintonia e sincronizadas com todo o trabalho que está sendo realizado pelos guias espirituais.

Se essas “válvulas” estiverem fun­cionando bem, o trabalho realizado não sobrecarregará os guias espirituais que trabalharam pelas pessoas. Porém se não funcionarem corretamente, eles terão que recolher todas as sobrecargas e irem descarregando-as lentamente nos pontos de forças da natureza, mas à custa de muitos esforços.
Portanto, com isso entendido, espe­ra­mos que os umbandistas entendam o porquê de terem que firmar seu Exu e sua Pombagira antes de abrirem seus trabalhos espirituais.
Exu e Pombagira geram muitos fato­res e executam muitas funções na Criação e, em algumas dessas funções, formam linhas de trabalhos espirituais.

Eles também formam pares. Em algumas oca­siões são complemen­ta­res; em outras, são opos­tos; em outras, são com­plementares e opostos ao mesmo tempo.
Só pelas suas funções aqui já descritas, tornam-se indispensáveis à paz, à harmonia e ao equilíbrio dos trabalhos espirituais realizados pelos médiuns umbandistas, tanto os realizados dentro dos centros quanto os realizados fora dele.

Afinal, não são poucos os médiuns que, movidos pela bondade, vão até a residência de pessoas com graves problemas ou demandas para ajudá-las e, por não tomarem a precaução de firmar Exu e Pombagira antes de trabalhar para elas, ao invés de ajudá-las realmente, só pegam cargas que irão desequilibrá-los também.

Para se fazer um bom trabalho na residência de alguém, assim que chegar, deve-se ir até o quintal, riscar um ponto de Exu, colocar um copo com pinga, firmar as velas nos seus pólos mágicos e invocar o Orixá Exu e o seu Exu guardião, pedindo-lhes que descarreguem todas as sobrecargas e recolham todas as demandas feitas contra os moradores da casa e até contra ela.

O mesmo deve ser feito com Pomba­gira para que, só então, o médium comece a trabalhar espiritualmente, porque, aí sim, todas as cargas e demandas terão por onde ser descarregadas. E mesmo as entidades negativas que tiverem de ser transportadas para que recolham suas projeções negativas virão de forma ordenada e equilibrada, não causando nenhum problema durante o trabalho.

Quando se vai com alguém na natureza para descarregá-lo, tanto o médium deve firmar suas forças em sua casa como deve, pelo menos, firmar Exu ou Pombagira no campo vibratório escolhido, para não ter contratempo algum durante o trabalho de descarr ego na natureza.

São medidas indispensáveis para que um bom trabalho seja realizado e tudo transcorra em paz.

Esperamos ter conseguido transmitir os fundamentos necessários para que o ato de “firmar” a esquerda não seja mal interpretado, e sim visto como indis­pen­sável para que bons trabalhos sempre sejam realizados, tanto em benefício próprio quanto dos nossos semelhantes.

FONTE: Rubens Saraceni Texto extraído do livro: “Orixá Exu – Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda” – Editora Madras


                                                                                Saravá Umbanda   


                                                                          Pai Josimar da Capadócia