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quinta-feira, 28 de maio de 2015

A DECEPÇÃO




A DECEPÇÃO:

Certamente todos os sacerdotes já se depararam com este sentimento. A decepção é a emoção mais recorrente dentre as queixas daqueles que comandam uma comunidade de Terreiro.

Não há quem não tenha relatos pessoais, ou histórias para contar dentro de uma Casa de Santo que não tenha experimentado a decepção.

Isto talvez porque o Culto aos ‪#‎Orixás‬ seja uma Religião atípica, na qual os adeptos tratam os sacerdotes como “pais” e “mães”.

O convívio no Terreiro faz com que em pouco tempo crie-se um elo consistente que aproxima estranhos, de idades, cores, culturas, origens e educações distintas ao ponto de torná-los “pais” e “filhos”. E esta relação muitas vezes acaba por suprir, ou reproduzir as dinâmicas das famílias biológicas.

A relação ainda se avoluma, porque no Culto aos Orixás a ritualística implica em períodos longos de recolhimento no Terreiro, aumentando a convivência e aproximando as pessoas por dias e às vezes semanas contínuas.

Cada obrigação, seja ela iniciática ou periódica, acaba por demandar toda esta mobilização daquela comunidade em torno do “recolhido” (obrigacionado).

E esta mobilização redunda em certos sacrifícios que todos os envolvidos se dispõem a fazer em prol do outro. Isto implica em abdicar durante estes períodos de bebidas alcoólicas, sexo, festas, compromissos pessoais, do convívio de sua família biológica e do conforto de seu próprio lar para participar das obrigações dormindo dias seguidos no Terreiro.

Tudo isto indiscutivelmente propicia um sentimento coletivo de solidariedade, mas também de decepção, quando algum desses membros abandona a comunidade.

Nesse momento, por mais que a comunidade sinta, é o sacerdote que sofre o maior impacto, já que ele lidera o egbé e é ele quem cria o mais intenso laço de união com o frequentador, ou filho da Casa.

Há a quebra de um elo. E esse rompimento traz consigo a decepção e a tristeza de saber que a dedicação devotada não foi correspondida e quase sempre não foi sequer compreendida.

Pior quando esta decepção vem adicionada a falatórios e fofocas de conhecidos em comum, que revelam que aquele que deixou o Terreiro ainda saiu se queixando, ou criticando a própria Casa e o sacerdote que tanto se dedicou a ele.

Muitas vezes são anos de preparação, informação, esclarecimentos e ensinamentos diversos. Tempo em que se investiram esperanças no futuro daquele filho. Anos durante os quais este mesmo filho teve suas atitudes compreendidas, corrigidas e perdoadas pelo sacerdote. Mas diante dos menores ou dos mais inusitados motivos, ele se revolta, se enche de razões para discordar de determinadas decisões. Achando-se injustiçado e dono da verdade, simplesmente vai embora sem nem dizer um simples “obrigado”, ou ao menos despedir-se, como a decência e a boa educação recomendam a qualquer um.

Muitos destes que se sentem vítimas, incompreendidos e revoltados, no momento de dor e de necessidade, foram acolhidos pela Casa, por seus membros e sacerdotes que lhes deram amparo, roupas, comida, teto e força espiritual quando mais precisaram.

Abraçaram, beberam e festejaram junto à comunidade. Não raro, custeados pelos até então “pais”, “mães” e “irmãos” de outrora.

No momento da dor e da necessidade, proferiram juras de amor e fidelidade à Casa, gestos e homenagens de uma gratidão que parecia sincera e inabalável… Para no momento seguinte, tudo se dissipar como o vento, sem nem sabermos onde foi parar toda aquela amizade e gentileza.

A decepção acaba por ser uma terrível armadilha que fere de surpresa os sacerdotes e membros do egbé.

Por mais experientes que sejam e por mais que se digam preparados para lidar com ela, a decepção sempre age como uma lâmina gelada perfurando o peito.

Claro que algumas decepções são maiores, ou piores. Mas sempre este sentimento se revela fruto das próprias expectativas criadas (porque não dizer: fantasiadas) em torno de filhos de santo e frequentadores da Casa.

O desejo de que aquela pessoa traga alegrias, que seja amiga fiel ao zelador e à Casa, geram uma expectativa que, quando rompida pela decepção, desmorona como um castelo de areia, que diante de uma onde furtiva, se transforma rapidamente em escombros tão diferentes da beleza lúdica que tinha.

Diante da decepção, muitos e bons pais e mães de santo sofreram tanto que não tiveram mais forças para prosseguir com seu sacerdócio.

Outros revoltaram-se de tal maneira, que transformaram o amor paterno em ódio, rebaixando filhos à condição de inimigos mortais.

A decepção é dor. E dor é difícil de descrever. Só quem sente consegue entende-la em sua amplitude.

É difícil, quase impossível prevenir-se contra a decepção. Quem ama espera, sonha, se dedica. Não há como chamar alguém de filho e não criar expectativas. E também não há como ser chamado de pai e banalizar esta relação, tornando-se frio como uma pedra de gelo ambulante.

O sacerdote é como um professor, que prepara os alunos a cada ano, mas que nem sempre participará da formatura deles. O sacerdote prepara os filhos, se preparando também para não mais os ver.

Não sei se ameniza, ou consola, mas encarar os atos de dedicação aos filhos, como sendo devotados unicamente em prol dos Orixás e não em prol das pessoas, muda um pouco a configuração das coisas. Assim se, ou quando, a decepção chegar, teremos a consciência tranquila de que o objetivo principal foi sempre atingido. Logo, se o filho decepcionar, saberemos que o Orixá foi bem servido e atendido e por isso reconhecerá sempre, na cabeça do filho ingrato, ou não, aquilo que foi feito por ele.

Mas a única atitude realmente eficaz e propedêutica contra a decepção é tentar respeitar o momento de cada um. Antes de criar sonhos e gerar expectativas acerca daquele filho, precisamos antes enxergá-lo como pessoa. Uma pessoa que não é nossa. E como pessoa livre, ele terá seu tempo para amadurecer, terá suas chances de errar e sua própria forma de fazer escolhas (certas e erradas).

É sempre bom lembrarmos que, como pessoas que somos, também já decepcionamos muita gente que nos amava e muitas que criaram expectativas diante de nós. Por inúmeras vezes fomos e somos imaturos e egoístas ao ponto de agirmos sem considerar o sentimento dos outros. Isso nos faz iguais e tão falíveis quanto aqueles que nos feriram.

Uma avaliação honesta sobre cada caso, feita ainda que silenciosamente pelos envolvidos, é sempre bem vinda. O tempo se encarrega do restante. Tempo também é Orixá.

                                                                    Abraços Fraternais


                                                                Pai Josimar da Capadócia

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A SACRALIZAÇÃO DE ANIMAIS NA RELIGIÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS






Pergunta: "Por que Deus exigia sacrifícios de animais no Velho Testamento?"

Resposta: Deus exigia sacrifícios de animais para que a humanidade pudesse receber perdão dos seus pecados (Levítico 4:35; 5:10). Para começar, sacrifício de animal é um tema importante encontrado por todas as Escrituras. Quando Adão e Eva pecaram, animais foram mortos por Deus para providenciar vestimentas para eles (Gênesis 3:21). Caim e Abel trouxeram ofertas ao Senhor. A de Caim foi inaceitável porque ele trouxe frutas, enquanto que a de Abel foi aceitável porque ele trouxe “das primícias do seu rebanho e da gordura deste” (Gênesis 4:4-5). Depois que o dilúvio recuou, Noé sacrificou animais a Deus. Esse sacrifício de Noé foi de aroma agradável ao Senhor (Gênesis 8:20-21). Deus ordenou que Abraão sacrificasse seu filho Isaque. Abraão obedeceu a Deus, mas quando Abraão estava prestes a sacrificar a Isaque, Deus interveio e providenciou um carneiro para morrer no lugar de Isaque (Gênesis 22:10-13).

O sistema de sacrifícios atinge seu ponto máximo com a nação de Israel. Deus ordenou que essa nação executasse inúmeros sacrifícios diferentes. De acordo com Levítico 1:1-4, um certo procedimento era para ser seguido. Primeiro, o animal tinha que ser perfeito. Segundo, a pessoa que estava oferecendo o animal tinha que se identificar com ele. Então, a pessoa oferecendo o animal tinha que infligir morte ao animal. Quando feito em fé, esse sacrifício providenciava perdão dos pecados. Um outro sacrifício chamado de dia de expiação, descrito em Levítico 16, demonstra perdão e a retirada do pecado. O grande sacerdote tinha que levar dois bodes como oferta pelo pecado. Um dos bodes era sacrificado como uma oferta pelo pecado do povo de Israel (Levítico 16:15), enquanto que o outro bode era para ser solto no deserto (Levítico 16:20-22). A oferta pelo pecado providenciava perdão, enquanto que o outro bode providenciava a retirada do pecado.

Por que, então, não oferecemos mais sacrifícios de animais nos dias de hoje? O sacrifício de animais terminou porque Jesus Cristo foi o sacrifício supremo. João Batista confirmou isso quando O viu pela primeira vez: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Você pode estar se perguntando: “por que animais? O que eles fizeram de errado?” Esse é justamente o ponto: já que os animais não fizeram nada de errado, eles morreram no lugar daquele que estava executando o sacrifício. Jesus Cristo também não tinha feito nada de errado, mas voluntariamente entregou-Se a morrer pelos pecados da humanidade (1 Timóteo 2:6). Muitas pessoas chamam de substituição essa idéia de morrer no lugar de outra pessoa. Jesus Cristo tomou para Si o nosso pecado e morreu no nosso lugar. 2 Coríntios 5:21 diz: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” Através de fé no que Jesus Cristo cumpriu na cruz qualquer pessoa pode receber perdão.

Em resumo, os sacrifícios de animais foram ordenados por Deus para que tal pessoa pudesse experimentar do perdão dos pecados. O animal servia como um substituto – quer dizer, o animal morreu no lugar do pecador. Sacrifício de animais parou com Jesus Cristo. Jesus Cristo foi o substituto sacrificial supremo e é agora o mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). Sacrifícios de animais serviam como um sinal do que estava para vir – o sacrifício de Cristo a nosso favor. A única base sobre a qual o sacrifício de um animal providenciaria perdão dos pecados é o fato de que Cristo iria Se sacrificar pelos nossos pecados, providenciando o perdão que aqueles animais podiam apenas ilustrar e prenunciar.


Espero mais uma vez ter comtribuido com os irmãos para um melhor esclarecimento sobre o assunto...


                                                                      Abraços Fraternos


                                                                     Pai josimar da Capadócia