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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

BATUQUE DO RIO GRANDE DO SUL - CONHEÇA A NAÇÃO DO SUL DO BRASIL




                  O BATUQUE NO RIO GRANDE DO SUL

Quando falamos da Diversidade Cultural Religiosa Brasileira, tenho certeza que muitos dos irmão não conhecem as diferenças da Nação praticada no RS para o candonblé praticado no centro, norte e nordeste do Brasil, por isso resolvi publicar essa matéria e poder colaborar com os Irmãos para um melhor entendimento sobre o nosso Culto Africanista aqui no Rio grande do Sul...

O Batuque ou simplesmente Nação, é uma religião afro-brasileira, ou quem sabe afro-gaúcha, pois está presente principalmente neste estado e em lugares vizinhos a ele (como Santa Cataria, e outros países como Uruguai e Argentina). O Batuque tem seu culto voltado aos Orixás e é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jeje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô (e as chamadas “mistas” como Jeje-Ijexá, Jeje-Nagô, Nagô-Ijexá, etc). Apesar de diversas nações o culto do Batuque é praticamente homogeneo em todas as casas predominando a cultura Ijexá que cultua doze orixás (Bará, Ogum Oyá, Xangô, Odé e Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá), além dos Ibejis.

A Nação Oyó se caracterizava principalmente pela ordem das rezas: primeiro tocava-se para todos os Orixás masculinos, depois para os femininos, e finalizava-se com Oyá, Xangô e Oxalá (Oyá e Xangô no final, representando o Rei e a Rainha de Oyó)e dizem também que ao final da cerimônia, os orixás carregavam a cabeça dos animais a eles sacrificados, já em estado de decomposição, na boca.

A Nação Cabinda embora de origem bantu não cultua nkisis (muitos desconhecem esta palavra), mas sim Orixás, os mesmos de Ijexá, com acréscimo de algumas qualidades de Bará (Bará Legba) e Oyá (Oyá Dirã, Oyá Timboá) e o culto aos Eguns é muito forte nesta nação, tendo toda a casa de Cabinda o assentamento de Igbalé (casa dos mortos). Nesta nação os filhos de Oxun, Yemanjá e Oxalá podem entrar e sair dos cemitérios quando bem quizerem, sem que sua obrigação ou feitura seja prejudicada, diferentemente das demais nações, onde os filhos destes orixás só podem entrar em cemitérios quando for algo extremamente importante.

A Nação Jeje, assim como a Cabinda, adotou o panteão Yoruba dos orixás, que são os mesmos de Ijexá, sendo muito comum as casas de Jeje-Ijexá. Muitos sacerdotes da Nação Jeje do Batuque desconhecem a palavra Vodun, embora se tenha relatos de culto a algumas destas divindades antigamente. Os descentendes de Pai Joãozinho do Bará (Esú By) são os que mantém firme as tradições desta nação, como o uso de agdavís em seus rituais (chamado “Jeje de pauzinhos”), o assentamento de Ogun semelhante ao do Vodun Gun no Daomé, e existência de pessoas iniciadas para Dan e Sogbo. As cerimônias se iniciam com a parte Jeje (com cânticos no dialeto fongbe) e a dança em pares (simbolizando o par da criação Mawu-Lisa) e o toque com as “varinhas” e depois a parte Yorubá com as rezas tradicionais do Batuque.

A Nação Nagô é muito parecida com o candomblé tanto nas cerimônias como nas características dos Orixás. Nesta nação usa-se sacrificar os animais deitados e não suspensos como nas demais. Está quase extinta.

Orixás do Batuque

Os Orixás cultuados no Batuque são doze: Bará, Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá, Xapanã, Oxun, Yemanjá e Oxalá. O culto aos Ibejis varia de acordo com a nação, sendo que em algumas (como na Cabinda) são associados e considerados como qualidades de Xangô (Xangô Aganju di Ibeji) e Oxun (Oxun Ipandá di Ibeji). Alguns orixás se dividem em qualidades, chamadas de “classes de orixá” no Batuque e depois é revelado somente ao filho e ao sacerdote o “sobrenome do orixá” que seria como o orukó/digina do candomblé. No Batuque acredita-se que a pessoa não deve ficar sabendo que foi possuida (“ocupada” é o termo do Batuque) pelo seu orixá, sob pena de ficar louco. Mas alguns dizem que não pode é ficar comentando sobre o que o orixá fez ou deixou de fazer, não se comenta sobre a incorporação. Os orixás do Batuque

Bará

É o primeiro a ser saudado em todas as ocasiões, e também é chamado de Exu. É o orixá que representa a comunicação entre os homens e as divindades e é aquele que abre os caminhos. Trás a chave nas mãos, simbolizando o “guardião de todas as portas” e é responsável pelo bom andamento dos negócios e tudo que se relaciona a dinheiro. Suas oferendas são basicamente constituidas com milho torrado, azeite de dendê e opetés de batata inglesa. A cor é o vermelho. Se divide nas classes:

BARÁ LEGBA ou ELEGBA: é sincretizado ao demônio e usa o tom escuro de vermelho, assentado fora dos templos e é responsavel pela comunicação entre os mundos. Segundo a tradição é daomeano, mas é cultuado somente na Nação Cabinda (?).

BARÁ LODÊ: assentado fora do terreiro, é responsável pela segurança do mesmo. É o orixá que mantém a estrutura do templo; sua sustentação depende do Bará ou Exu Lodê.

BARÁ ADAGUE: assentado dentro do terreiro e recebe suas oferendas na encruzilhada. É o mais chamado, pois faz a frente dos orixás Ogun, Oyá, Xangô, Odé, Otin, Ossanha, Obá e Xapanã.

BARÁ AGELU: é o Bará que faz frente para os orixás das aguas como Oxun, Yemanjá e Oxalá. Em suas oferendas usa-se, além do azeite de dendê, o mel.

BARÁ LANÃ: tem as mesmas atribuições do Bará Adague.

Saudação: Alúpo ou Lalúpo

Dia da Semana: Segunda-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Vermelho

Guia: Corrente de aço (para alguns), vermelho escuro (Legba), vermelha

Oferenda: Pipoca, Milho torrado, 07 batatas inglesas assadas e azeite de dendê

Ogun

Orixá da guerra, do ferro, da metalurgia. Tem praticamente as mesmas caracteristicas que a ele se aplicam no candomblé. Sua cor é o verde e vermelho, mas pode-se usar o azul escuro. Ogun Avagã tem seu assentamento do lado de fora e tem a mesma função de defender e equilibrar a casa, assim como Bará Lodê, e usa cores no tom escuro. Dizem que ele é um Vodum, conhecido como Gún Awagàn. Temos também Ogun Onira (ou Onire) e Ogun Adiolá (que vive junto aos orixás da água, Oxun e Yemanjá). A saudação do Ogun é Ogunhê.

Saudação: Ogunhê

Dia da Semana: Segunda-feira para Ogum Avagã

Quinta-feira para os demais

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Vermelho e Verde

Guia: Vermelho e Verde escuros

Oyá

É a divindade dos ventos e das tempestades, uma das esposas de Xangô.   Rainha dos raios, ventos e tempestades, Oyá é um Orixá feminino, enérgico, sensual e autoritário. Na mitologia dos Orixás, Oyá primeiramente foi casa com Ogum, traindo-o mais tarde com Xangô, não abandonando as relações com seu primeiro casamento. Em outra passagem mitológica, Oyá é presenteada por Xapanã, que a concede o poder sobre os eguns – espíritos, tornando-se conhecida também por a Rainha dos Eguns.

Saudação: Epaiêio

Dia da Semana: Terça-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Vermelho e Branco

Guia: 01 conta vermelha, 05 contas brancas, 01 conta vermelha

Oyá Timboá (Cabinda) é tida como “a mais quieta” que sabe fazer as coisas. Oyá Dirã (igualmente Cabinda) é a dona dos Eguns.

Xangô

O Orixá do fogo e do trovão, Senhor da Justiça, considerado um Orixá vaidoso, que gosta de festas e comemorações. Sua sensualidade atrai as mulheres de modo geral, na Mitologia dos Orixás, Xangô é casado com três mulheres: Oyá, Obá e Oxun. Tem as classes Aganju e Agodô.

Este Orixá é sempre lembrado, pelos fiéis do Batuque, em casos de difícil resolução e justiça, já que suas atitudes são sábias e rígidas.

Saudação: Caô Cabecile

Dia da Semana: Terça-feira

Número: 06 e seus múltiplos

Cor: Vermelho e Branco

Guia: 01 conta vermelha, 01 conta branca, 01 conta vermelha

Odé e Otin

No Batuque, estes dois Orixás são cultuados juntos. São os protetores das matas e dos animais silvestres e selvagens. Os filhos de Otin são quase inexistentes, pois na Mitologia, Otin não teve filhos na terra, dando assim as cabeças dos filhos para Odé. Com o passar dos tempos já se nota a existência de filhos de Otin, caso raro e absurdo para muitos Pais-de-Santo. Não se sacrifica para um sem dar para o outro, os animais são os mesmos, mudando apenas o sexo.

Saudação: Oquebambo

Dia da Semana: Sexta-feira, pois é o dia da Iemanjá, que é mãe de Odé, para outros Segunda-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Azul forte e branco para Odé e Azul forte e rosa para Otin

Guia: 01 conta azul, 01 conta branca, 01 conta azul, para Odé  e 01 conta rosa, 01 conta azul, 01 conta rosa, para Otin.

Ossanha

A este Orixá pertence todas as folhas medicinais e ervas utilizadas nos rituais de Nação, por este motivo, temos um Orixá muito respeitado e cultuado em todos as Casas de Religião, podemos dizer que Ossanha possui a solução para todos os problemas relacionados a cura de enfermos, tanto material quanto espiritual.  Este Orixá não possui uma das pernas, caminha com auxílio de muletas, quando se manifesta em algum filho, este dança normalmente em apenas em uma de suas pernas.

Saudação: Ewe o

Dia da Semana: Segunda-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Verde Claro e amarelo.

Guia: 01 conta verde e 01 conta branca alguns usam verde e amarelo.

Obá

Todas as máquinas, carros e navios estão relacionados com Obá, pois a ela pertencem a roda e o leme. Tem as mesma lenda do candomblé.

Saudação: Exó

Dia da Semana: Segunda-feira ou Quarta-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Rosa

Guia: toda rosa

Xapanã

Sua Mãe, Nanã Burucun, abandonou-o na praia quando pequeno por suas feridas em grande quantidade. Xapanã foi recolhido as profundezas do oceano, cuidado e criado por Iemanjá, que fez para ele uma roupa de palha-da-costa, cobrindo-o da cabeça aos pés. Ficou forte e saudável, porém as cicatrizes nunca desapareceram. Normalmente os filhos deste Orixá são marcados pelo corpo, com pequenas feridas, espinhas, manchas e secreções que assim como aparecem, desaparecem, ficando neste processo pelo resto da vida. Tem as qualidades Jubeiteí, Belujá e Sapatá (este último vem do nome do vodun Sakpata)

Saudação: Abáo!

Dia da Semana: Quarta-feira

Número: 07 e seus múltiplos

Cor: Vermelho e Preto  e para Sapatá roxo.

Guia: 01 conta vermelha, 01 conta preta, 01 conta vermelha e para sapatá roxa.

Oxun

Senhora soberana das águas doces. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Orixá. O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Oxun, assim como, talvez por consequência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também são de Oxun. Pela hierarquia é o primeiro Orixá doce seguida de Iemanjá e Oxalá, formando assim o grupo de Orixás chamado de Cabeças Grande. Tem as qualidades Oxun Ipondá ou Pandá (jovem e muito bonita, esposa de Xangô), Oxun Ademun (misteriosa, representa o fundo dos rios), Oxun Adocô ou Docô (cuida das crianças e faz frente com Oxalá) e Oxun Olobá (muito antiga).

Saudação: Iê iêu!

Dia da Semana: Sábado

Número: 08 e seus múltiplos

Cor: Todos os tons de amarelo, a escolha do tom depende da característica da Mãe

Guia: toda amarela de um mesmo tom, o tom varia com a característica da Mãe

Yemanjá

Com certeza não existiria outro elemento da natureza para representar e ser o habitat deste Orixá, como o mar. O mar é lindo, fascinante e belo, porém na maioria das vezes severo e perigoso quando não respeitado ou usufruído da maneira correta, características diretamente relacionadas com a Grande Mãe. Nanã Borocun que no candomblé é um orixá a parte, no Batuque é uma qualidade mais velha e antiga de Yemanjá. Tem também as qualidades de Boci e Bomi.

Saudação: Omi odô! alguns usam Omi Odo Iyá!

Dia da Semana: Sexta-feira

Número: 08 e seus múltiplos

Cor: azul claro, azul forte ou incolor, dependendo da característica da Mãe. Para Nanã Borocun usa-se o lilás.

Guia: toda da mesma cor, o tom do azul ou se for incolor varia com a característica da Mãe e para Nanã o lilás.

Oxalá

Pai de todos os Orixá e mortais, Oxalá é o maior e mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega se arrastando caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia (que no Batuque é qualidade de Oxalá e seria Orumilá no candomblé) a visão espiritual, como consequência o jogo de Búzios. Existem qualidades como Oxalá Olocun (ligado a Yemanjá e as águas), Oxalá Jobocun e Oxalá Dacun.

Saudação: Epaô Baba!

Dia da Semana: Domingo

Número: 08 e seus múltiplos

Cor: Branco e Branco com preto para Oxalá de Orumiláia

Guia: toda branca ou 01 branca, 01 preta, 01 branca para Oxalá de Orumilá.

A ordem de saudação destes orixás é: Bará (legba, lode, adague, lanã, agelu), Ogun (avagã, onira, olobedé, adiolá), Oyá (oyá timboá, oyá dirã), Xangô (aganju, agodô), Odé e Otin, Obá, Ossanha, Xapanã (jubetei, belujá, sapatá), Oxun (pandá, ademun, doco, olobá), Yemanjá (boci, bomi, nanã-borocun) e Oxalá (olocun, obocun, dacun, jobocun e Oromiláia).

Rituais de Aprontamento

Bori de Aves

Para alguns, a principal obrigação do Batuque. Nesta obrigação, após jogada e confirmada nos Búzios a cabeça e passagens (corpo, pernas, etc) do filho será sacrificado sobre sua cabeça a ave(galo ou galinha e pombo ou pomba) específica de seu Orixá, no seu corpo outra ave correspondendo ao Orixá que cuidará desta passagem. Nesta obrigação o filho-de-santo estreita sua relação com o Orixá, concebendo também uma forte raiz dentro da Nação Batuqueira, tendo em um pote (estilo bomboniere), denominado de Bori, uma moeda, búzios e mel a representação de sua cabeça ligada ao seu Orixá, tornando-se assim um filho da Religião.

Bori de Quatro-pés

Seria uma graduação e maior estreitamento com seu Orixá dentro da Religião, nesta obrigação além das aves, serão sacrificados no Bori também os animais de quatro patas (cabritos, ovelhas, etc) referente a cada Orixá.

Assentamento da Vasilha sobre Acutá ou Alcutá

Assim como a Umbanda tem sua força representada nos vegetais a Nação além disto apresenta a forma mineral para representar seus Orixás. Os acutás, (cada Orixá possui seu modelo e tipo) são pedras colocadas em uma vasilha de barro com as ferramentas de cada Orixá, onde, após o sacrifício de seus animais de pena e quatro patas, será a sua representação.

Aprontamento de Ofá (Búzios) e Obé (faca)

Nesta graduação o filho-de-santo se prepara para em futuro próximo ser um Pai-de-Santo. Consiste em assentar na vasilha todos Orixás de Bará até Oxalá, o filho então além de ter sua “cabeça” e suas passagens, passa agora a ter todos os Orixás com nome e sobrenome, sento em vasilhas representados em seus acutás e ferramentas. O futuro “pronto” preparará também neste ritual, sua faca, que futuramente usará em sacrifícios para seus futuros filhos e seus búzios, ferramenta esta que usará para guiar a sua vida e dos seus, quando tiver montada sua Casa de Religião.

Alguns mencionam ainda o Mieró como primeira obrigação, feito somente com ervas, e o Aribibó que antecede o Bori de Aves e é feito somente com pombos. (Ritual de Cabinda).

A Festa do Batuque

Após as obrigações cumpridas e encerrada a Levantação (nome dado ao término das obrigações pois como diz a palavra, será levantado todas as frentes que ficaram em um determinado tempo dentro do Quarto-de-Santo), será tocada a Festa, o Batuque.

Normalmente como em uma festa social, muitos convites foram distribuídos para outras Casas de Religião, fiéis e até mesmo curiosos.

O Pai ou Mãe-de-Santo, ajoelhado em frente ao Quarto-de-Santo (lugar onde fica os assentamentos dos orixás), juntamente com todos seus filhos e demais convidados de Religião, tocando a sineta, faz a chamada de todos os Orixás de Bará a Oxalá com suas saudações específicas, pedindo a cada Orixá as coisas que a eles competem. Terminada a chamada, o Pai-de-Santo autoriza o tamboreiro a começar o toque, que correrá em ordem de Bará a Oxalá. Todos que estão na roda dançam com as características de cada Orixá ao qual está sendo tocada a reza, como por exemplo na reza do Bará, todos dançam como se abrindo portas com uma chave em punho na mão direita, já que este Orixá é o dono da chave e abertura dos caminhos, na Reza do Ogum, os fiéis dançam com a mão direita como uma espada tocando a mão esquerda.

Dentro da Festa existem rituais específicos que chamados  de “Axé”, como por exemplo:

Axé da Balança:

Se a Obrigação que originou a Festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das Rezas para Xangô a Obrigação da Balança. Neste ritual o tamboreiro para o toque, para que o Chefe da Casa organize a roda, neste momento normalmente o salão esvazia, pois acredita-se ser um ritual muito perigoso, pois, todos dançaram de mãos dadas, todos de frente para o centro da roda, onde calmamente será tocado pelo tamboreiro a Reza específica para este Axé (alujá) e todos começarão um movimento de abrir e fechar esta roda, acompanhando o toque do tambor que irá acelerando gradativamente e com as mão bem seguras pois se arrebentar a Balança, deverá ser pedido misericórdia para Xangô para que nenhum filho venha a morrer. Neste momento até acabar o toque, se manifesta um grande número de Orixás e todos deverão se manter de mãos dadas até que o tamboreiro encerre a Reza. Somente participa da Balança filhos ou convidados que já possuam a Obrigação de quatro-pé.

Existem ainda outros Axés como por exemplo: Axé do Atã, Axé do Ecó e etc.

Após o Axé do Ecó, que será realizado após as Rezas de Xapanã, onde foi limpado e retirado da Casa todas as impurezas e vibrações negativas, começa o toque para os Orixás Velhos ou Doces, toca-se para Oxum, Iemanjá e Oxalá, terminando assim a Festa.

Normalmente o Batuque começa a meia-noite e estende-se até as seis ou sete horas da manhã, isto também é uma influência dos escravos, já que os negros na época da escravatura podiam fazer seus rituais somente após terminados seus trabalhos para os seus Senhores, ou esperar com que eles fossem dormir.

Axé do Ecó

O Ecó é uma mistura de certos ingredientes oferecidos aos orixás para servirem como imãs de energias negativas. São oferecidos ecós para os orixás Bará, Ogun, Oyá, Xangô, Oxun, Yemanjá e Oxalá.

Não é costume o uso de paramentas no Batuque (embora alguns usem e às vezes até estrapolam), somente saias rodadas e coloridas, guias (colares) e mais algum apetrecho, semelhante ao Tambor de Mina no Maranhão.

Algumas casas tem “misturas” de candomblé como o uso de pipocas nas rezas de Xapanã, ou profa de fogo com Xangô, mas os mais velhos dizem que isso é errado.


                                                                                  Abraços Fraternos


                                                                 Pai Josimar da Capadócia - Babalorixá